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Dólar enfraquece e finaliza a R$ 5,66 com declarações de Lula no foco; Ibovespa permanece fixo
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Divisa alcançou R$ 5,70 depois de novos ataques do presidente ao BC
- Por Camilla Ribeiro
- 02/07/2024 20h01 - Atualizado há 3 meses
Depois de chegar em R$ 5,70 nesta terça-feira (2), o dólar enfraqueceu durante da tarde e devolveu maior parte dos lucros, finalizando com alta próxima de 0,2%.
A moeda disparou durante a manhã, à medida que os investidores reagiam aos novos ataques do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destinados ao Banco Central (BC) e suas promessas de controlar a alta da moeda norte-americana.
A segunda sessão de junho finalizou com o dólar aumentando em 0,22%, sendo negociado a R$ 5,666 na venda, permanecendo nas máximas do governo Lula e desde janeiro de 2022.
Em 2024, o dólar já acumula alta de 16,8%.
O Ibovespa fechou no campo positivo pelo segundo dia consecutivo, mesmo que próximo da estabilidade, com uma alta de 0,06%, aos 124.787 pontos — o maior limite desde o fim de maio.
Sendo favorecido pelo desempenho nos pregões em Wall Street e pela queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos.
Antes da abertura do mercado nesta terça-feira, em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, Lula afirmou que fará "alguma coisa" no que diz respeito à subida do dólar em comparação ao real.
Entretanto, evitou detalhar qual iniciativa será tomada "porque senão estarei alertando meus adversários".
Lula relatou que existe hoje em dia um ataque especulativo ao real, acrescentando que voltará a Brasília na quarta-feira (3) e debaterá o que fazer em relação ao aumento do dólar.
Ele também voltou a criticar o Banco Central, afirmando que a instituição não pode estar a serviço do sistema financeiro e do mercado.
Depois do dólar iniciar em baixa, o discurso de Lula influenciar de modo negativo os negócios ao longo da manhã, e as cotações da moeda norteamericana foram fortificadas.
Profissionais do mercado relataram que a possibilidade de uma intervenção do governo no câmbio gerava medos.
Uma das alternativas sugeridas é a de que o governo possa alterar no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas transações cambiais.
Com a finalidade de segurar a escalada da moeda norte-americana.
Embora, em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse no final da manhã que não há possibilidade de o governo variar no lOF.
De acordo com ele, a melhor forma de conter a desvalorização do real é ter melhorias na comunicação em relação ao arcabouço fiscal e a autonomia do BC.
Os comentários de Lula sobre o Banco Central nesta terça-feira se somam às declarações do presidente nos últimos dias, ditas como um dos principais motivos para que o dólar tenha avançado ante o real e afim de a curva de juros esteja em forte aumento no Brasil.
No ano de 2024, a moeda norte-americana acumula elevação aproximada de 17%.
"Quem intervém no câmbio é o BC, não o ministério da Fazenda", mencionou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
"O que o presidente Lula pode fazer no câmbio é tranquilizar o mercado, dizendo que vai cortar gastos. Quando o mercado acredita que o problema é de credibilidade, ações como alterar o IOF são momentâneas", complementou.
Nos últimos dias, profissionais ouvidos pela Reuters têm afirmado que a acomodação do dólar ante o real passa justamente pelo fim dos ataques recorrentes de Lula ao BC e por medidas que equilibrem as contas públicas.
Alvo de críticas feitas por Lula, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou ao longo da manhã que a autarquia tem que estar fora da "arena política".
Além disso, defendeu que o tempo demonstrará que o trabalho da autoridade monetária é técnico.
"Há um prêmio de risco na curva (de juros), e ele tem sido elevado nas últimas semanas com a incerteza sobre o que acontecerá quando a próxima liderança, o próximo time (do BC) assumir", complementou Campos Neto, que deixará a liderança da instituição no final de dezembro.
Ele esteve no evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal.
No cenário internacional, o dólar começou a recuar ante uma cesta de moedas fortes, com os investidores classificando as declarações do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, no mesmo evento em que Campos Neto discursou.
O dólar também caía ante moedas por exemplo o peso mexicano e o peso chileno.